quinta-feira, 10 de julho de 2008

O Voto contra do Partido Socialista

O Voto contra do Partido Socialista


O Partido Comunista Português apresentou na passada Quinta-Feira, na Assembleia da República, um Projecto de Resolução sobre a Estratégia de Desenvolvimento para o nosso Distrito, depois de este ter sido discutido pelas Instituições da Região. Este projecto parte de um exaustivo diagnóstico que identifica problemas e potencialidades, que serve de base à formulação de objectivos e linhas de desenvolvimento estratégico nas áreas das acessibilidades e transportes, valorização territorial e ambiental, educação e qualificação profissional, reforço da rede de cuidados de saúde, construção e requalificação do parque escolar, desenvolvimento do aparelho produtivo, da inovação e da qualidade, do desenvolvimento turístico, da dinamização do sector primário e da valorização do potencial estuarino. O Partido Socialista votou contra!
A nossa intenção é enquadrar e enraizar no quadro de Desenvolvimento Regional Integrado e Sustentável do Distrito as infra-estruturas propostas durante décadas pelo PCP e que sucessivamente eram votadas negativamente ou com a “indiferença da abstenção”, quer pelo PS, quer pelo PSD, e que agora, finalmente o governo do PS anuncia, não sem a luta das populações, não sem recuos governativos e não sem inqualificáveis declarações de elementos do partido socialista - quem não sem lembra do deserto de ideias de Mário Lino ou das preocupações bombistas de Almeida Santos?
Com esta rejeição o partido socialista recusa o debate e a participação democrática das populações, das instituições do distrito, enfim dos maiores interessados.
Para além de tudo o que foi escrito, tenho por imposição moral, condenar a intervenção na Assembleia da República do Sr. Vítor Ramalho, deputado socialista eleito pelo nosso distrito, que a justificar este voto negativo, debitou entre tantas outras alucinações que o PCP, ou melhor a CDU, tem uma maioria conjuntural autárquica devida a uma fraca afluência às urnas, que quando aumenta gera vitórias do PS, como foi o caso em Setúbal com Mata Cáceres e no Barreiro com Emídio Xavier. O “nosso” deputado considerou também que o coração dos cidadãos do Distrito é favorável ao PS e do alto da sua sapiência desconsidera o PSD, CDS-PP e o Bloco de Esquerda, afirmando que os votos nestes partidos são perdidos ou não contam para este campeonato, porque não são capazes de vencer eleições autárquicas. A mim, isto parece-me ligeiramente arrogante e mostra a qualidade da democracia que o Sr. Ramalho defende, e que aliás está bem expressa no processo da Lisnave, conduzido pelo próprio, que o digam os trabalhadores da GESTNAVE. Mas não fica por aqui, para disfarçar, na parte final da sua intervenção, afirma que não é sectário ao contrário dos proponentes, tudo bem, mas quem recusa o debate e a participação democrática das populações, das instituições do distrito, não me parece que seja bem aquilo que afirma ser!
O que o PCP pretende com este projecto é que ao invés da falta de estratégia e de investimento por parte dos sucessivos governos no nosso Distrito, com as parcas justificações de que têm uma estratégia nacional para alegadamente não apresentarem a regional, que o Poder Central se articule com o vasto trabalho desenvolvido pelo Poder Local e pelas Instituições do Distrito, como é exemplo adequado o PEDEPES - Plano Estratégico para o Desenvolvimento da Península de Setúbal, participado por cerca de 300 entidades públicas e privadas, desde empresas a sindicatos, passando por autarquias e associações, o que convenhamos não é bem a linha política de PS e PSD- acabando com a visão caótica, subordinada aos interesses das multinacionais e dos grandes grupos económicos e financeiros, assumindo assim as suas responsabilidades no desenvolvimento da região e na melhoria das condições de vida das populações.
Por último e porque merece a nossa reflexão refiro também que o PSD votou contra, contrariando a lei das probabilidades, que lhe conferia desta feita uma abstenção na jogada. Ainda dizem que na política não existem surpresas.

Nuno Cavaco
Membro da DORS do PCP